segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

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É porque eu sou muito, eu não sei ser a metade de um todo e eu não sei dar uma parte de mim. Eu não espero que entendam o meu sentimento, se a liberdade vem de dentro pra fora, eu me aprofundei tanto que trouxe de dentro até o menos desejado, a liberdade não é tudo o que parece e não existe até o ponto que pedimos em nossa prece, em busca da minha infinita expansão de horizontes eu já dei muito de mim afim de conquistar o inusitado, aliás eu continuo, dou tudo e eu espero tudo em troca, minha índole não pode ser desafiada e meu ego se sobressai em prol da minha autodefesa, eu   ando por todo o mundo em busca do tudo que eu mereço e eu me entorpeço em cada pedacinho desse lugar que eu nem ao menos entendo, um lugar onde cada momento é intenso e que cada dose em uma noite equivale a trezentos mil pesos nas próximas seis noites que chegam. Mas eu não me importo e não me conformo com o fato de não se sentirem bem com esse sentimento tão ruim e tão único. Por ser tão complicado e eu estar, como sempre, em confusão, não tenho discernimento do certo e do errado, já que afinal, está tudo errado, o certo já não tem definição e os dois se misturaram, mas sei que esse lugar é uma dádiva e não temos o poder de controlar nosso tempo. Cada espaço é uma luz e cada luz é uma sensação de vida, eu não vivi tudo, minhas sensações são limitadas, mas ainda sim valem mais que as suas, que só pela idade se denominam avançadas. Eu alcancei a liberdade servida em  doses como um vinho refinado, mas não me satisfez. Eu precisei de litros, eu precisei de mais que doses, até perceber que o menos é mais e que a vida não vale uma puta e mesmo assim, vivemos de putas... Meu reflexo numa poça de água, reflete junto um arco-íris pronto para ser apreciado, em um mundo invertido não podemos cobrar humanos praticando tamanha humanidade, apreciar o simples é apreciar peixes em um pedaço de papel ao invés de vê-los nas águas, elevar o nível espiritual já não importa tanto como morrer em frente a uma luz forte e artificial em busca da fortuna idealizada essencial. A plenitude jamais será alcançada e as raras mentes que a alcançam não são consideradas sãs. As sensações me salvam em um mundo estragado por doentes sem alma...


terça-feira, 16 de junho de 2015

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É porque eu sou rio, sou mar, sou a gota d’água, o fundo do poço que não tem fim. Eu sou profunda e rasa ao mesmo tempo e me encarno minimamente no cais do porto da escuridão infinita. Se eu mergulho, não volto e morro afogada porque sou a incerteza em corpo de (quase) gente. Se eu escorrego na poça rasa, caio e não me levanto mais, porque eu sou o cansaço personificado em corpo de animal (quase) racional. Eu sou tão particularmente complexa como um origami e estupidamente transparente como uma cantiga de roda. Eu sou o extremo de dois lados completamente opostos e me faço de louca quando minha lucidez se encontra no mais perfeito ápice. Eu não me entendo e não compreendo o que o meu nome tem a ver com a minha inteligência abatida pelo sol escaldante. Eu me olho no espelho às 6:05 da manhã e me enfio em minhas olheiras me perguntando qual o preço da escuridão. E eu grito que sou clara como o dia e que meu sol tem cheiro de solidão. E eu digo que minha lua se apagou e não quis se sobrepor mais a minha saudade. E eu brinquei e solucei e corri aos quatro cantos dessa cidade de deus voando e me lançando aos ares de toda a minha volúpia, me embriagando com minha felicidade, alagando as melodias de minha agonia. E as flores que já estavam mortas e jogadas em minha calçada se desfizeram em pó e me encheram até a boca com toda sua beleza e saudade. Me encarno nos olhos de meu próprio espírito E BUSCO a liberdade que estava engarrafada e era servida aos montes como um vinho refinado. Meu encarcere lento e repentino correu e se escondeu para nunca mais ser visto em lugar nenhum enquanto eu chorava de alegria, tentando apanhar minha liberdade como um caçador de borboletas busca sua presa bela e única. Porque a liberdade é só e dá prazer a quem a possui, MAS matando aos poucos quem a busca. E eu, depois de tempos a encontrei e me livrei de minha sina horripilante e ri como se nunca mais existisse o riso e te ouvi chorando porque o peso de suas lágrimas me encheu de alegria. E assim continuou o dia, a noite, a tarde, a vida. Porque se eu rio… tu mares.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

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Andei me perguntando como as coisas ficarão, se as coisas algum dia terão algum sentido, ou se não tem sentido nenhum estar aqui. Em um segundo estou feliz, tenho certeza que sou uma pessoa de sorte por tem quem tenho, em outro, pareço uma pessoa depressiva com problemas que, na verdade, não existem. Mas afinal, felicidade nunca foi ser, felicidade é mais uma coletânea de momentos. Alguns têm muitas, muitos tem algumas. O certo é que para ter felicidade, você precisa viver... Poucos vivem. As pessoas sempre dizem que quando uma pessoa tem tudo o que quer, não tem o direito de ser infeliz... Mas a infelicidade é uma coisa que vem do que você queria sentir e não ter. Eu posso ter as melhores coisas materiais, ainda sim, não sou o que quero ser... Serei infeliz. Tenho muitos momentos, bons e ruins. Agora, convenhamos, prevalece o ruim. Estava na fase de querer gritar para todos o quanto isto me machucou, queria falar pra minha mãe, pros vizinhos, pros catadores de latinha, pros professores, pros motoristas... Eu quis gritar pro mundo o quanto aquilo me feriu. Mas decidi que se essa dor era toda minha o que todos eles tinham a ver? Eles já tinham lá suas dores, o máximo que poderiam fazer era, simplesmente, dizer: "calma menina, vai passar", porque é claro, para todos, sempre, tudo irá passar. E não era isso o que eu gostaria de ouvir, não me faria melhor. Então, eu entrei no chuveiro, sentei-me ao chão e a dor que estava em mim, aos poucos se esvaíam junto com as gotas de água em direção ao ralo... E lá se vai um peso! Foi aí que eu percebi que para aliviar nossas dores, não é necessário sair gritando pra meio mundo o que está acontecendo. Você é a única pessoa que pode expulsar sua própria dor de si mesmo.